O relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE) que aprovou as contas do governador Rui Costa (PT) referentes a 2019 alertou para a falta de transparência nos gastos feitos pela gestão estadual. Durante a pandemia de Covid-19, essa falta de transparência no uso do dinheiro público ficou ainda mais evidenciada.
Além da compra de respiradores, que virou alvo de pelo menos quatro inquéritos no Ministério Público Federal, o Governo da Bahia pode acabar na mira de investigadores por causa da compra de testes rápidos de Covid-19.
Ao longo das últimas semanas, o Política ao Vivo questionou insistentemente o Governo do Estado, através de diferentes secretarias, sobre todas as compras de testes rápidos feitas pela gestão.
A Secretaria de Saúde (Sesab) limitou-se a responder, em diferentes oportunidades, com o link da página em que o Governo disponibiliza todas as aquisições feitas na pandemia.
Nesta página, constam somente três compras de testes rápidos. Uma delas, de 60 mil unidades, a preço unitário de R$ 200 por teste, custou R$ 12 milhões aos cofres públicos. Em outra compra, o Governo conseguiu por R$ 120 cada um dos 140 testes comprados. O total da aquisição foi de R$ 16.800. Na terceira compra foram adquiridos 3 mil testes por R$ 624 mil.
No total, então, segundo o Governo do Estado, foram comprados 63.140 testes rápidos.
Em abril deste ano, porém, o jornal Estado de São Paulo disse que o Governo da Bahia comprou 80 mil exames diagnósticos com dois fornecedores internacionais.
No primeiro deles, foram comprados 60 mil testes – compra esta que consta no portal da transparência do governo. O segundo, no entanto, na quantidade de 20 mil testes, adquiridos de uma companhia estrangeira não informada, não consta na página com as compras na pandemia.
Não se sabe, por exemplo, se essa compra foi cancelada e se houve pagamento antecipado por ela, como aconteceu no caso dos respiradores.
Em junho, a Secretaria de Saúde informou em seu site oficial que a Bahia já havia realizado mais de 100 mil testes de Covid-19. Na ocasião, o secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, chegou a exaltar que o Estado não ficou dependendo “apenas dos kits de testagem enviados pelo Ministério da Saúde”, mas “fez aquisição de equipamentos e insumos com recursos próprios”.
Em abril, o Governo Federal enviou 153 mil testes rápidos para a Secretaria de Saúde da Bahia.