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Nos bastidores da política baiana, ganha força a dúvida sobre a viabilidade da candidatura do ex-prefeito de Camaçari, Antônio Elinaldo, ao cargo de deputado estadual. O motivo é o avanço de uma série de processos judiciais e denúncias já protocoladas no TCM, Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal e Ministério Público Eleitoral, que colocam o ex-gestor sob crescente pressão jurídica.
Um especialista ouvido pela reportagem explicou que, diante do atual calendário eleitoral, Elinaldo até poderia disputar e vencer as eleições, mas corre o risco de ser afastado do cargo logo em seguida, caso seja alcançado por alguma decisão judicial desfavorável.
Entre os casos que mais preocupam o ex-prefeito está o escândalo das chamadas “emendas pix” — recursos federais repassados sem destinação específica durante sua gestão. O Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a determinar a suspensão desse tipo de repasse ao município, após o ministro Flávio Dino apontar falhas graves na prestação de contas e possíveis irregularidades no uso dos valores. A Prefeitura de Camaçari, sob o comando de Elinaldo, recebeu cerca de R$ 45 milhões. Parte desse montante teria sido usada de forma controversa: R$ 60 mil mensais eram pagos a uma empresa de segurança pelo aluguel de quatro cães de guarda, a um custo unitário de R$ 15 mil por mês.
Outro processo em curso diz respeito à instalação do hospital de campanha durante a pandemia de COVID-19, sob suspeita de irregularidades na aplicação dos recursos e falta de transparência nas despesas. O caso pode evoluir para uma ação de improbidade administrativa, o que colocaria em xeque a elegibilidade do ex-prefeito.
Há ainda uma terceira ação que investiga o pagamento de horas extras e gratificações indevidas a servidores municipais, supostamente em troca de apoio político. O processo atinge também aliados de Elinaldo, como o ex-candidato a prefeito Flávio Matos e sua vice na chapa, professora Angélica, derrotados nas eleições de 2024.
Nos meios políticos, a avaliação é de que o esforço de Elinaldo para garantir um mandato parlamentar tem menos a ver com o retorno à vida pública e mais com a necessidade de proteção jurídica. O foro privilegiado que um mandato oferece seria, segundo analistas, uma estratégia para tentar minimizar eventuais sanções decorrentes das ações em curso.



