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Foto: Divulgação

Cássio Moreira

“Acho que é perfeitamente possível essa aliança entre PSDB e PT”. Essa fala é do advogado Thiago Assis, membro do grupo PSDB Pela Base de Salvador, dissidência tucana defensora dos pilares da social democracia, bandeira de fundação do partido na década de 198o, em entrevista ao Política ao Vivo. A possibilidade, antes tratada como mera especulação política, tem se tornado cada dia mais próxima.



A ala apoiou Jerônimo Rodrigues (PT) no segundo turno da eleição para o governo baiano, na contramão da posição oficial da legenda, que seguiu na aliança com ACM Neto (União Brasil), mesmo sem espaço na chapa majoritária. Questionado pela reportagem sobre essa aliança, que saiu do improvável para uma discussão real, Thiago afirmou entender como uma oportunidade do PSDB resgatar as suas bandeiras ideológicas. A perda de identidade do partido, inclusive, é vista pelo advogado como um fator para o derretimendo dos últimos anos, que culminou na derrota no estado de São Paulo, reduto histórico da sigla, nas eleições de 2022.

“Acho que existe essa possibilidade, e as razões são as seguintes: do ponto de vista ideológico, acho que é uma oportunidade que o PSDB tem de resgatar uma bandeira, que é a social democracia. Não vai fazer isso estando à direita. Essa posição mais à direita que o partido assumiu nos últimos tempos levou o partido aos frangalhos, a ponto de perder o governo de São Paulo”, explicou Thiago.

Thiago ainda citou desprestígio, já citado por outros tucanos, do partido na base liderada por ACM Neto e pelo prefeito Bruno Reis (União Brasil). A perda de controle da Secretaria de Educação, por exemplo, seria uma dessas provas de desprestígio, segundo o próprio Thiago.

“Do ponto de vista pragmático, existem maiores razões para haver uma aproximação entre PSDB e PT, pelo menos na Bahia. É notório o desprestígio do partido junto à prefeitura, e não é de hoje. O partido perdeu a Secretaria de Educação, que é uma secretaria robusta do ponto de vista orçamentário. Por uma série de razões, para acomodar o PP, que rompeu com Rui e Wagner para apoiar ACM Neto. Além disso, o governo do Estado tem condições de comportar as demandas do PSDB, que na Bahia não é um partido muito grande, não demandaria uma ocupação de espaço que mexesse muito na estrutura suficiente do Estado, mas daria o que o partido não encontra na Prefeitura”, afirmou o tucano.

“Acho que é perfeitamente possível essa aliança entre PSDB e PT. Fora que já conta com uma ala do partido, que é o PSDB Pela Base, que é a que faço parte […] Acho que é um governador que terá um olhar diferenciado, não apenas para os dirigentes, mas também para a militância do partido, pela história que Jerônimo tem”, Thiago Assis.

Debandada e fator Carlos Muniz

A aproximação entre PSDB e Jerônimo tem sido destaque na imprensa local desde a chegada do presidente da Câmara Municipal de Salvador, Carlos Muniz, ao partido. Muniz, que é próximo do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e apoiou o governador petista em 2022, tem declarado publicamente que pode dialogar com a base governista e levar a legenda para o grupo. Do outro lado, Jerônimo também intensificou os acenos, vistos com entusiasmo por parte dos petistas.

Sobre uma possível debandada dos vereadores de Salvador (Cris Correia, Daniel Alves e Téo Senna), Thiago afirmou esse cenário seria o ideal para o partido. Ele ainda disse entender a chegada de Muniz como uma sinalização clara de que o partido pode caminhar ao lado do governador em um futuro próximo.

“Quem tem que temer é o prefeito Bruno Reis. Eu não tenho o que temer, desejo que isso ocorra. O PSDB é um partido completamente esvaziado e desprestigiado na Prefeitura […] A ida do Carlos Muniz para o PSDB, acho que é uma sinalização clara de que o partido admite essa hipótese, porque sabe das ligações de Carlos Muniz com Geraldo Júnior. Não deixa de ser um gesto. Acho que é uma sinalização clara de que as portas estão abertas”, disse.



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