Gustavo Ferraz concedeu uma entrevista exclusiva ao jornal Tribuna da Bahia e falou pela primeira vez após ter rejeitada a acusação por lavagem de dinheiro no caso do ‘bunker’ de R$ 51 milhões atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ao repórter Henrique Brinco, ele comentou abertamente sobre o caso. Leia abaixo:
“Aqueles que mentiram vão ter que justificar”
“Em primeiro lugar, digo que fiquei feliz com tudo”. Essas são as primeiras palavras do ex-diretor da Defesa Civil de Salvador, Gustavo Ferraz, após ter rejeitada a acusação por lavagem de dinheiro no caso do ‘bunker’ de R$ 51 milhões atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Em uma entrevista exclusiva e reveladora à Tribuna na noite de ontem, Ferraz falou sobre tudo e não deixou de responder uma só pergunta. “Vá em frente”, disse ao repórter. “Preferi o silêncio nesse período em função de acreditar que ficaria muito clichê ficar me autodefendendo na imprensa. Percebo também que muitos condenados, muitas vezes, vão para a imprensa dizer que não fizeram determinadas coisas e logo depois se descobre o que foi feito. Acreditava na Justiça, sabia que não poderia pagar além do que já tinha pago pelo que não fiz. Nada mais do que foi feito hoje foi Justiça”, afirma.
Ferraz assegura que não tinha uma relação próxima com o ex-presidente estadual do PMDB na Bahia. “A minha relação com o ministro Geddel era uma relação de partido. Eu era filiado ao mesmo partido que ele, ok? Participava das campanhas e da luta política do PMDB na Bahia. No momento em que entendi que deveria sair do partido, me desfiliei e hoje estou livre, sem partido, mas acreditando na política”. Ferraz foi preso após a polícia afirmar que teria encontrado digitais nas notas que estavam dentro do apartamento em Salvador. Ele nega o envolvimento no caso. “Não tinha digitais em nota nenhuma, esse é que é o problema. E isso foi comprovado hoje. Foi muita mentira. Muita ‘fake news’ espalhada em todos os cantos do Brasil. As pessoas precisam se debruçar sobre a verdade das coisas. Sei que fui instrumento também de uma luta política do PT. Hoje está comprovado que o tiro não acertou no coração, pegou de raspão. Continuo aí tranquilo, ficha limpa, seguindo a minha vida”.
Indagado sobre lição que aprendeu enquanto esteve preso, o ex-emedebista disse que foi “tudo muito sofrido”. “Especialmente quando você não se sente culpado por nada. Especialmente para a família. É um sofrimento para os parentes, para os amigos e para as pessoas que gostam de você. Foi um momento difícil, de muita reflexão. Tenho a certeza no coração de que eu teria em algum momento a verdade reconhecida. Sou ficha limpa e estou tranquilo com o que aconteceu. Agora, aqueles que mentiram vão ter que justificar o ataque a uma pessoa que é inocente”, lembra. Passado o período conturbado, Ferraz promete votar à vida pública. “Pretendo ser candidato em 2020 a prefeito de Lauro de Freitas”, avisa. E reafirma: “Eu não pretendo ‘voltar’, eu nunca deixei a vida política, está certo? Eu nunca deixei a vida política! Sou um político, um político em Lauro de Freitas. Fui candidato a vice-prefeito e tenho o sonho de ser prefeito em Lauro de Freitas. Desde o primeiro dia que tive minhas garantias políticas de volta, minha vida cidadã de volta, continuei trabalhando na política. Acredito na política como um instrumento de transformação da sociedade.”
Gustavo Ferraz também comentou a exoneração imposta pelo prefeito ACM Neto (DEM) assim que o caso veio à tona, em setembro de 2017. “Em hipótese alguma. Eu, no lugar do prefeito ACM Neto, teria feito a mesma coisa. Acho que ele tomou a decisão administrativa correta na época”, diz. “Não tenho muito o que tratar com o prefeito ACM Neto. Estou à disposição. Faço parte desse campo político de oposição ao Partido dos Trabalhadores na Bahia e no Brasil”.