Em um desabafo sobre os episódios de violência policial, a apresentadora Jéssica Senra, nesta quarta-feira (3), questionou as notas enviadas à imprensa pela Polícia Militar nos casos em que a instituição é acusada de agir com violência contra a população.
Jéssica chegou a afirmar que em todos os casos o pronunciamento da PM é igual, “recebemos um chamado, chegando lá encontramos criminosos armados e houve troca de tiros”.
“Que é que isso quer dizer para nós? ‘Olhe, nós somos inocentes, não temos culpa. Nós apenas nos defendemos’, quando a gente precisa entender que a polícia é um braço armado do estado, representante do estado. O estado sempre sempre tem mais força do que qualquer outro indivíduo, seja ele criminoso, inocente, enfim. E que se essas operações estão resultando em morte, elas precisam ser revistas”, afirmou a jornalista no Bahia Meio dia desta quarta-feira (3).
A apresentadora ainda questionou as informações de posse de armas e drogas
“Geralmente o que vem nas notas é ‘encontramos armas, encontramos drogas’. Muitas vezes a gente percebe que essas informações não são verídicas, como a gente teve, por exemplo, o caso de Nadinho, em Candeias, que plantaram uma arma no ateliê dele. Mas o que que isso quer dizer quando a polícia diz tinha armas e drogar? Quer criminalizar a pessoa que morreu. Pra quê? Pra que a população, de um modo geral, não se importe, ache ‘ah, se era bandido, a gente não precisava se preocupar com a vida dele’. Quando a gente sabe que a nossa lei determina que bandido deve ser preso levados à Justiça. Então essa situação de violência policial que a gente sempre denunciando no Bahia Meio Dia tem sido uma política de estado. A gente fala sempre que violência se combate com prevenção, com investimento na população e não com a repressão. A repressão está tirando vida de pessoas criminosas e inocentes”, finalizou.
O desabafo da âncora aconteceu após uma reportagem sobre uma manifestação de amigos e familiares de Ruan dos Santos Neves, jovem que foi morto durante uma ação policial em Camaçari, no último domingo (31).
A família contou que o rapaz foi baleado por policiais e, quando correu para procurar ajuda foi atingido por tiros novamente. Segundo a PM,
a equipe recebeu denúncias de porte de arma e tráfico de drogas na região e, durante rondas, os agentes teriam sido recebidos a tiro e revidaram. Ainda segundo a polícia, o rapaz foi socorrido e levado para Hospital Geral de Camaçari, mas não resistiu.