Em 2019, primeiro ano de seu segundo mandato como governador da Bahia, o governador Rui Costa (PT) se envolveu em polêmicas e dividiu opiniões até mesmo dentro do PT, após algumas declarações vistas como inadequadas por importantes membros da sigla.
Relação com o Governo Federal
Os desentendimentos e alfinetadas entre o governador e o presidente Jair Bolsonaro marcaram 2019.
A primeira polêmica foi na inauguração do aeroporto Glauber Rocha, em Vitória da Conquista, no mês de julho. Após o presidente Bolsonaro anunciar que participaria do ato, o governador petista acusou o Governo Federal de tentar excluir e população da festa e fazer um evento restrito pra convidados, e desistiu de participar da inauguração.
O comportamento do governador foi festejado por uns, mas também foi alvo de críticas. Bolsonaro participou da cerimônia e foi recebido pelo prefeito da cidade, Herzem Gusmão (MDB), e pelo prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto.
Outra desavença
O principal embate entre o governador baiano e o Governo Federal se deu no episódio do surgimento de manchas de óleo no litoral nordestino, também no segundo semestre de 2019. Na ocasião, Rui reclamou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não estava dando a devida importância ao caso, além de trocarem farpas em suas redes sociais. Salles veio à Bahia e visitou algumas praias, mas não entrou em contato com Rui, que acusou o ministro de tentar fazer politicagem e tentar aparecer às custas do acontecimento. A situação só amenizou quando Rui recebeu o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto.
Rui e o PT (de Lula)
Na contramão da estratégia adotada pelo PT, que continuou tratando a liberdade do ex-presidente Lula como principal bandeira política, o governador Rui Costa protagonizou alguns desentendimentos com a alta cúpula do partido, inclusive com a presidente da sigla, a deputada federal Gleisi Hoffmann.
Em entrevistas, Rui declarou que a união entre partidos progressistas deveria ter como principal pauta o combate aos desmandos do governo Bolsonaro, não a liberdade de Lula. A declaração não foi vista com bons olhos por seus correligionários.
Rui também se estranhou com o PT após ser tratado como potencial candidato à presidência em 2022, contrariando Lula e Gleisi. Os dois soltaram notas e deram declarações contra Rui.
O candidato de Rui em 2020
Cobrado por seus aliados, Rui Costa tentou se esquivar de qualquer envolvimento estratégico nas eleições para a prefeitura de Salvador em 2020. E assim será durante todo o ano de 2020.
Aliados de Rui votam pela reforma da Previdência
Enquanto o PT defendia que o modelo de reforma da Previdência proposto por Paulo Guedes não era o ideal, o governador Rui Costa apoiou e aconselhou que deputados de partidos da sua base votassem a favor da reforma, além de defender a inclusão de estados e municípios na proposta. A única reivindicação de Rui foi a retirada da capitalização no texto.
Rui e Neto
A relação entre o governador da Bahia e o prefeito de Salvador passou por altos e baixos em 2019. Depois de Neto ficar do lado de Bolsonaro na inauguração do aeroporto Glauber Rocha, chamando Rui de recalcado, o petista e o democrata se aproximaram “pelo bem da cidade”. Nas últimas semanas, inclusive, Rui e Neto estiveram mais próximos e até fecharam um acordo para a votação das previdências estaduais e municipais.
Rui, Podemos e o Detran
A relação de Rui com o Podemos, partido que compõe a sua base, não foi das melhores em 2019. A sigla, que após a fusão com o PHS, se tornou a maior bancada da Câmara Municipal de Salvador, acabou perdendo o controle do Detran. O episódio causou desgaste entre Rui e o partido, que deve lançar o deputado federal Bacelar como candidato à prefeitura da capital baiana em 2020.
O embate entre Rui e Prisco
No início de outubro, Rui Costa e o deputado estadual Soldado Prisco (PSC) foram protagonistas de um embate entre o governo e a Polícia Militar da Bahia.
Tudo começou quando o deputado liderou um movimento de greve da categoria, que acabou fracassando após parte da polícia recusar a adesão à greve. Rui fez graves acusações contra Prisco, se referindo ao deputado como marginal.
Rui e a educação no estado
Mais uma vez, o tratamento dado pelo governador Rui Costa à área da educação foi alvo de críticas por membros da oposição e de sindicatos.
Entre as medidas criticadas, está a ideia de entregar a administração de colégios da rede pública do estado para as chamadas Organizações Sociais (O.S). A prática é vista como sucateamento da educação no estado.
O contingenciamento de verbas para a UNEB foi outro episódio que marcou o ano do governador na educação. Por conta da medida, Rui chegou a ser chamado por alguns de “Rui mãos de tesoura”.
Ponte Salvador-Itaparica e VLT do Subúrbio
O anúncio do início das obras de construção da ponte Salvador-Itaparica, perseguição petista desde os tempos de Jaques, também dividiu opiniões. Enquanto aliados acreditam que o projeto deve impulsionar a economia do estado, adversários não acreditam que o projeto pode quebrar o estado e que se trata de mais um ato de politicagem do governo petista.
O VLT do Subúrbio, outra obra que Rui prometeu tirar do papel, tem sido alvo de protestos de políticos da oposição e também de grupos de moradores da região, que defendem a permanência do trem.