em Bahia, Salvador

Áttila Torres

Em 2020, já foram notificados na capital baiana 4.332 casos de dengue, 2.914 de Chikungunya e 449 ocorrências de Zika.



Os números assustam, sobretudo, quando se analisa que houve um crescimento em torno de 700% de casos da Chikungunya em Salvador, comparado a 2019.

Considerando os casos de Chikungunya até o início de maio de 2020, a região entre o Rio Vermelho e a Pituba é a mais afetada. Foram 25 casos da doença registrados no ano passado, contra 281 neste ano – aumento de 1024%.

O Aedes Aegypti é um antigo conhecido do brasileiro, especialmente pela dengue, doença que teve seus primeiros registros por aqui no início do século 19. O mosquito transmite, além da dengue, a Zika, Chikungunya e a febre amarela no meio urbano.

O inseto chegou a ser erradicado na década de 1950 e oito anos mais tarde, em 1958, o país foi considerado livre do vetor pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Mas a erradicação do mosquito não durou muito tempo: na década de 1960, novos focos do Aedes Aegypti foram observados em várias localidades do país e o primeiro surto de dengue foi documentado em 1981 na cidade de Boa Vista, em Roraima.

O descuido ou desatenção da população com os cuidados para evitar a disseminação dos mosquitos hoje em dia tem causado uma enorme preocupação pelos profissionais da área de saúde, pois com o foco voltado para o Coronavírus, está se falando muito pouco das doenças transmitidas pelo mosquito.

Além de influenciar no cuidado e atenção da população com as doenças causadas pelo Aedes Aegypti, o Coronavírus acabou mudando também a forma de combater o animal transmissor. Isso porque os funcionários da prefeitura não podem entrar em casas habitadas para fazer o trabalho de prevenção. Esta é uma recomendação do Ministério da Saúde para segurança dos agentes de saúde e dos moradores.

É preciso que a população colabore. Esse avanço se deve, especialmente, à convivência dessas duas doenças que são, vamos dizer, incompatíveis. O Coronavírus requer isolamento social, as pessoas ficarem em casa.

E, por outro lado, os agentes não estão podendo entrar em casas habitadas, para não ser vetor de contaminação para aquelas pessoas e não serem contaminados. Com um índice de mais de 80% dos focos dentro de residências habitadas, a colaboração da população é fundamental.

O trabalho realizado pelos agentes envolve rondas periódicas na cidade, além dos chamados bloqueios quando ações de combate – como a aplicação de veneno contra o mosquito e a busca por focos e larvas – acontece no entorno de regiões onde são identificados casos. Neste caso, um raio de 50 metros é traçado, a partir do endereço do doente.

Considerando toda a capital, o aumento dos casos da doença chega a 741,5%, já que os números registram 2188 neste ano contra 260 do ano anterior. Para as demais doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, o aumento também foi expressivo, porém menor se comparado aos da Chikungunya. O crescimento registrado foi de 407% para a Zika e 169,7% para a dengue.

Para os especialistas, a maior razão para o aumento de casos está ligada aos hábitos do próprio mosquito que, aliados à mudança de hábitos causada nas pessoas pelas medidas de isolamento social, podem ter causado cenário favorável.

O mosquito tem hábitos diurnos e geralmente acaba contaminando as pessoas no período entre a manhã e o fim da tarde. Com o isolamento social, agora tem mais gente em casa no horário que antes era de trabalho.

Também estamos tendo um período de muita chuva e calor, o que é propício para a proliferação do mosquito. Além disso, com o foco no Coronavírus, as pessoas podem estar perdendo o cuidado com os focos de criação do mosquito (lugares com água parada).

Os sintomas das doenças são parecidos e o mosquito transmissor é o mesmo, mas o tratamento da Chikungunya pode matar um paciente que esteja com dengue. Isto acontece porque o tratamento da Chikungunya é feito através de anti-inflamatórios para controlar as inflamações das articulações. Estes remédios, em um paciente com dengue, podem causar um sangramento dos vasos sanguíneos e agravar o estado de saúde.

A melhor forma de prevenir é se cuidar. Então vamos aproveitar que estamos em casa com o isolamento social e eliminar locais com água parada. Por fim: se acaso você sentir os sintomas, coloque uma máscara e vá imediatamente procurar um médico, ok?

Presidente do Podemos Esporte Bahia, Educador Físico, Gestor Esportivo, Administrador, Grão Mestre em Taekwondo. Condutor da Tocha Olímpica nas Olimpíadas do Rio 2016, Especialização nos Estados Unidos e Coreia do Sul.



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