Depois do mal-estar causado com militantes, o PT resolveu mudar o tom sobre as críticas feitas ao afastamento determinado pelo Supremo Tribunal Federal – STF, do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Segundo o líder da minoria no Senado, Humberto Costa (PT-PE), a manifestação do PT em relação a Aécio tinha um caráter institucional, de defesa da autonomia entre os Poderes, e não de apoio ao tucano. Para ele, a bancada do partido, com nove senadores, deve votar unida para manter o senador tucano afastado do cargo.
“O Senado vai ter que entrar no mérito da discussão. Agora nós vamos discutir se as coisas que têm contra o Aécio justificam, ou não essa recomendação do Supremo. Eu vou defender que nós votemos para seguir a recomendação”, disse.
Essa também é a posição da senadora Fátima Bezerra (PT-RN). “Não dá para fingir que a gente não ouviu a conversa indecorosa que ele teve com Joesley Batista (dono da JBS). Não dá para fingir que não houve mala de dinheiro entregue ao primo dele. Se o Senado quer o respeito do povo brasileiro, não dá para tampar o sol com a peneira”, afirmou.
Um dia depois de o Supremo determinar o afastamento de Aécio e impor outras medidas cautelares ao tucano, o PT emitiu uma nota em que classificava como “esdrúxula” a decisão. “A resposta da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal a este anseio de Justiça foi uma condenação esdrúxula, sem previsão constitucional, que não pode ser aceita por um poder soberano como é o Senado Federal”, dizia o texto.
Com diversos parlamentares implicados na Lava Jato, a manifestação foi vista como uma maneira de marcar posição diante da possibilidade de algo semelhante vir a acontecer com algum petista. A presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PT), por exemplo, já é ré em um inquérito no Supremo.