Foto: Divulgação / Consórcio do Nordeste

A corrida dos governadores para a aquisição de respiradores durante a pandemia do novo coronavírus resultou em confusas negociações entre os gestores estaduais e as empresas responsáveis pela entrega dos aparelhos.



O caso mais notável foi a compra dos respiradores feito pelo Consórcio Nordeste, através do Governo da Bahia, com a Hempcare, que intermediaria a negociação com a Biogeoenergy, que seria responsável pela entrega de 120 aparelhos.

A negociação malsucedida e a crise aberta pelo episódio resultou no pedido de demissão de Bruno Dauster, chefe da Casa Civil do Estado e responsável pela compra. A dona da Hempcare, Cristiana Prestes, citou em depoimento, no mês de julho, o nome de Dauster, além de detalhar um esquema de pagamento de comissões através dos R$ 48,7 milhões. Ao todo, R$ 12 milhões foram usados apenas para essas comissões.

Na época, o Política ao Vivo fez Powerpoint detalhando o esquema de comissões, com todos os envolvidos. Relembre aqui como foi feita a distribuição dos R$ 12 milhões.

Arte: Política ao Vivo

Facilitador do contato entre a Hempcare e o Consórcio Nordeste, Cleber Isaac, conhecido por sua influência no meio político, recebeu R$ 3 milhões. Cristiana Prestes, dona da Hempcare, ficou com R$ 5 milhões de lucro, mesmo valor que seu sócio, Luiz Henrique. Fernando Galante, que apresentou Cristiana a Cleber, ficou com R$ 9 milhões.

Arte: Política ao Vivo

Os R$ 48,7 milhões foram arrecadados pelo Consórcio que pagou à Hempcare pela intermediação da compra dos respiradores. A Hempcare contratou a Biogeoenergy, empresa que deveria ter entregue 120 respiradores, por R$ 24 milhões.

No depoimento, Cristiana Prestes disse que a compra dos aparelhos foi recuada a pedido do próprio Bruno Dauster, que teria dito “Amiga, errei. O BR2 não foi aprovado”, em conversa de Whatsapp, se referindo aos ventiladores da Biogeoenergy. Cristiana ainda doou R$ 120 mil à sua irmã, Luciana Taddeo. O dono da Biogeoenergy, Paulo de Tarso, deu entrevista à TV Bahia na época.

“Primeiro, quando uma empresa recebe dinheiro, coloca no fluxo de caixa. Evidente que o dinheiro foi utilizado para compra de peças para respiradores, para tudo. O dinheiro pertence à empresa, que utiliza no que bem entender. Utilizamos no que bem entendemos. Compramos muitas peças, bastante equipamento. Todo o dinheiro foi gasto com ventilador e caixa da empresa”, justificou o empresário, que disse que o Governo do Estado recuou da compra dos aparelhos.

Arte: Política ao Vivo

“A empresa tem margem de lucro. Não fico com o dinheiro parado aguardando alguma coisa. Não tenho que devolver dinheiro para o Consórcio do Nordeste. Primeiro porque não fiz negócio com o Consórcio do Nordeste. Tenho que entregar os respiradores. Prometi entregar para o governo do estado, que se recusou a receber”, completou Paulo de Tarso na entrevista.

O caso, que é alvo de inquéritos, segue sem respostas até agora. 



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