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Cássio Moreira
Empenhado em emplacar seu nome na disputa pelo governo da Bahia, o ministro da Cidadania, João Roma, deve ter um difícil caminho, caso queira ocupar o Palácio de Ondina pelos próximos quatro anos. É o que acredita o cientista político Cláudio André de Souza.
Para o professor, caso Roma escolha o caminho do antipestismo, uma das bandeiras do bolsonarismo, sua campanha será restrita a apenas uma parte do eleitor baiano. Além disso, outros fatores, como a tendência de Bolsonaro alcançar poucos votos na Bahia e um movimento de ‘traição’ a ACM Neto, devem dificultar sua tentativa de ser governador.
“Se de fato Roma for candidato, partirá como uma terceira via pouco competitiva. Primeiro, pela tendência de Bolsonaro não passar dos 30% na Bahia. Segundo, precisará se movimentar em um caminho de traição a Neto, já que terá que atrair prefeitos e lideranças que marcharam com Neto até este momento, o que é uma movimentação muito difícil”, começou.
“Se ele escolher o caminho do antipestismo, fará uma campanha restrita a 1/3 (um terço) do eleitorado. No entanto, a sua candidatura, caso se efetive, mexerá na base de Neto de tal forma que pode viabilizar uma vitória do PT mesmo que no primeiro turno”, analisa Cláudio.
O sentimento de antipetismo que move os simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro também pode forçar a um movimento de migração dessa parcela para ACM Neto, caso o ministro não consiga ter um bom desempenho durante o processo eleitoral. Questionado sobre a possibilidade de ‘portabilidade’ de votos, Cláudio André disse que uma desistência de Roma beneficiaria Neto.
“Com certeza (transferência de votos), importante entender que o eleitorado de Neto e Roma possuem o mesmo perfil ideológico. Neste caso, um desistência do primeiro beneficiaria diretamente o segundo. Penso que ainda há margem para uma conciliação pragmática a curto prazo para as eleições entre ambas as lideranças”, aposta.
Cláudio ainda lembrou, ao comentar sobre as possíveis perdas de apoios alguns partidos por ACM Neto, como PL e Republicanos, que tendem a caminhar com Roma, e o MDB, que pode voltar para o bloco de Wagner, de quando o hoje senador enfrentou duas candidaturas de oposição em 2010, quando tentava a reeleição como governador, e acabou tendo mais votos que na primeira vitória. Na ocasião, os candidatos eram Paulo Souto (DEM) e Geddel Vieira Lima (MDB). A perda de apoio também afeta Neto diretamente na coligação e, consequentemente, no tempo de propaganda.
“Sim (enfraquecimento de Neto), mas de mantiver um cenário de enfraquecimento eleitoral de Bolsonaro até março, a candidatura de Roma será afetada diretamente. Já tivemos a experiência de duas candidaturas de oposição em 2010, com Geddel e Paulo Souto. O resultado foi que Wagner se reelegeu com mais votos do que tivera em 2006. Se Neto perder o apoio desses partidos, será um grande baque para a coligação e tempo de TV”.
Tratado como postulante ao governo desde sua chegada ao Ministério da Cidadania, no ano passado, Roma tem penado nos primeiros levantamentos das intenções de voto para o governo do estado. Apesar disso, o ministro da Cidadania tem sido tratado como ‘super ministro’ dentro do governo Bolsonaro, e é a aposta para um palanque político para o presidente no estado, quarto maior colégio eleitoral do país e considerado principal reduto eleitoral do PT.