Foto: Divulgação

Quando Queila Santos, uma cantora da periferia de Salvador e que tem Ravena como nome artístico, se aproximou de Vanessa Pinheiro, não imaginava que estava começando a entrar em um pesadelo que ainda não acabou. As duas trabalhavam juntas em um projeto, em Vilas do Atlântico, que tratava felinos resgatados pelas vereadora Ana Rita Tavares.

Na denúncia de agressão que fez contra Ana Rita ao site Bahia Notícias, Vanessa contou que Queila, que declara sofrer de depressão, era maltratada, vivia em condições insalubres e estava sendo ameaçada de morte.

Depois de uma suposta briga na casa de Vilas, com direito à presença da polícia, no dia 12 de julho, Queila foi para a casa de Vanessa e ficou incomunicável – seu celular havia ficado no seu quarto, na casa de Vilas do Atlântico.

Uma semana depois, ficou sabendo que participou de uma grande armação feita por Vanessa com o apoio, segundo ela, dos irmãos parlamentares Marcell e Marcelle Moraes.

Em entrevista ao Política ao Vivo, Queila conta que logo depois da suposta briga, Vanessa pediu para que ela arranhasse o braço da amiga, como forma de incriminar Ana Rita.

“Em momento algum a vereadora encostou nela ou sequer a agrediu verbalmente, como ela alegou”, falou. Segundo ela, é possível comprovar o fato se a CCR Metrô ceder as imagens do dia 12 de julho, na Estação Acesso Norte, onde os arranhões foram forjados.

“Eu fui manipulada para prejudicar a pessoa que me ajudou quando mais precisei”, diz Queila, se referindo a Ana Rita. “Eu que pedi para Ana Rita me acolher, eu aceitaria ficar em qualquer lugar, pois na casa onde eu morava com meus filhos (8 gatos) eu vivia cercada de criminosos e traficantes”.

“Um dia depois da briga, participei, com Vanessa, de uma reunião com uma assessora da vereadora de Marcelle Moraes no Shopping Bela Vista. Ela (Vanessa) fez um acordo com Marcell Moraes para conseguir um cargo com ele, quando saísse [do gabinete de Ana Rita]”.

Encontro em shopping

“Eu enxerguei a verdade quando me afastei dela e consegui sair da casa dela. No Google vi que meu nome estava sendo citado, ela dizendo que Ana Rita queria me matar. E vi que Ana Rita poderia ser expulsa da Comissão da Câmara. Foi aí que percebi a injustiça que estava participando contra uma pessoa que salvou a minha vida“, falou.

Queila retornou à casa de Vilas uma semana depois e percebeu que, diferente do que Vanessa alegava, nenhum dos seus oito gatos foi morto ou maltratado pela equipe da vereadora. “Pelo contrário, estavam bem cuidados e alimentados”.

Marcas foram forjadas, segundo a própria Vanessa assume

“Ana Rita teve a capacidade de me perdoar, mesmo sendo crucificada por minha causa. Ela entende que não foi por mal, eu realmente confiei em uma pessoa que estava armando tudo a mando do Marcell e Marcelle Moraes. Eu nunca vou me perdoar [por ter traído Ana Rita]”, falou.

Reunião em Shopping:

Um dia depois da confusão na casa de Vilas do Atlântico, em que forjou provas para incriminar a vereadora Ana Rita Tavares, Vanessa encontrou uma suposta assessora da vereadora Marcelle Moraes, de prenome Diana. Quem conta o caso é Queila Santos, que participou da armação, mas se arrependeu e revelou tudo ao Política ao Vivo.

As imagens abaixo mostram o encontro de Queila e Vanessa com a assessora. A reunião aconteceu em um restaurante do Shopping Bella Vista, no dia 13, um sábado. No mesmo dia, Vanessa “denunciou” a ação para um site de notícias de Salvador e gravou um vídeo em que narra os falsos acontecimentos.

O que aconteceu nesta reunião? Que assuntos as partes tinham a tratar? Segundo Queila contou à nossa reportagem, Vanessa e a assessora de Marcelle Moraes saíram da mesa e foram juntas ao banheiro. Ela não sabe o que aconteceu quando as duas estavam lá, mas Vanessa estava com a mesma roupa que aparece no vídeo, o que indica que naquele momento foi gravado o vídeo divulgado por um site.

O Política Ao Vivo confirmou a informação sobre a assessora.

Veja o vídeo:

A ligação:

Uma ligação de Queila Santos para Vanessa Pinheiro é considerada decisiva para entender como a segunda conseguiu montar uma narrativa falsa contra Ana Rita Tavares, vereadora de Salvador.

A ligação é também reveladora. Nela, Queila diz a Vanessa que está “preocupada com o negócio do arranhão, porque lá com certeza tem câmera”.

Ela se referiu ao fato de ter arranhado Vanessa propositalmente para incriminar Ana Rita e sua equipe. A cena aconteceu em uma estação do metrô de Salvador e a polícia já solicitou as imagens para a CCR, conforme mostra o documento obtido pelo Política ao Vivo.

“Eu posso ir presa por ter feito isso?”, pergunta Queila, ao que Vanessa responde: “Se você disser que fez, pode. Mas não tem como ver não, já falei com um advogado sobre isso”.

A denúncia da agressão a gente tem que manter isso, porque é a única coisa que está tirando a coisa dela, da história”, fala Vanessa, sugerindo que inventou ter sido agredida.

Em outro momento, ela fala do deputado estadual Marcell Moraes: “Ele se meteu no caso, quis se meter. Então está favorável pra ele“.

Ouça:

Prints reveladores:

Dias depois de assumir que forjou todas as provas para incriminar Ana Rita, Vanessa novamente confessou ter armado tudo. Desta vez, fez isso em uma conversa no WhatsApp com Queila Santos, que o Política ao Vivo também teve acesso.

Em um dos prints abaixo, Vanessa propõe que as duas busquem ajuda de Marcel e Marcelle. Em outro, mostra estar desconfiada de Queila. No terceiro, Queila propõe se arranhar para incriminar Ana Rita (o mesmo que Vanessa teria feito anteriormente) e Vanessa não nega que tenha feito isso.

Já na conversa abaixo, Vanessa assume (no segundo print) que uma suposta assessora chamada Diana foi quem lhe filmou contando a versão irreal sobre a confusão envolvendo Ana Rita.

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