em Bahia, Salvador

Áttila Torres

Como esportista, professor e também gestor, eu apoio a volta das atividades físicas, que sejam em academias, dojos, academias de fitness, boxes de crossfit, estúdios de yoga e pilates, clubes aquáticos, escolas de natação, assessorias esportivas como corridas rua, triatlo, entre outras e também a liberação de parques, praças e praias para a prática de exercícios ao ar livre.



Porém, destacando desde já que atividade física pode sim, ser praticada sem aglomeração! 

As atividades físicas bem planejadas e dentro dos protocolos de saúde e segurança são essenciais ao bem-estar de todos. Jamais vamos incentivar atividades e situações que coloquem em risco a vida das pessoas, pois isso é contrário ao que buscamos.

Vejamos a situação dos mercados e demais setores que não pararam durante a pandemia: foram criados protocolos e foram sendo monitoradas as atividades, a demanda e foram sendo ajustados os protocolos conforme o desenrolar da situação. Iguais medidas cabem às academias e similares.

Ninguém ainda tem as respostas para muitas questões sobre esta nova realidade, mas podemos ir nos ajustando com as informações que já temos e, com os cuidados necessários, irmos juntos retomando o caminho.

Destaco que num primeiro momento foi sim essencial que todos fechassem e se isolassem. Sim, estávamos todos preocupados frente ao desconhecido. Naquele momento ninguém sabia a extensão e desdobramentos da doença. Não sabíamos como lidar com o problema. 

Agora, por outro lado, não se pode empurrar a decisão de reabertura das academias e similares para um futuro incerto, sem nenhuma previsão de retorno. Com planejamento dá para seguirmos em direção à uma saída.

É momento de se preparar e estar estruturado para quando tudo se normalizar. Após os órgãos públicos autorizarem a reabertura, todas as academias precisam seguir alguns procedimentos de segurança com o objetivo de reduzir o risco de contaminação do COVID-19 dentro das unidades.

Infelizmente percebo que falta vontade política e orientação por parte da Prefeitura de Salvador para tomar esta decisão. Vejamos: o futebol profissional já está autorizado a retomar seus treinos. Mas isso não gera nenhum tipo de benefício para a saúde dos cidadãos em geral, tão somente diz respeito à performance de um pequeno grupo: os atletas de determinados times! Logicamente que o futebol também não está gerando aglomeração neste momento, pois as partidas não estão liberadas para o público. 

Por outro lado, a reabertura das academias e similares geram responsabilidade tanto das empresas, dos profissionais e de seus alunos quanto uma necessidade de fiscalização por parte da Prefeitura. Talvez seja esta situação que a Prefeitura não queira assumir: mais um setor para fiscalizar…

Lembrando ainda que Salvador não tem uma Secretaria de Esportes e que, portanto, também não tem um representante da área esportiva. Muitas das decisões necessárias neste momento deveriam estar sendo discutidas com um especialista, um gestor esportivo, um profissional de educação física, com conhecimentos na área de saúde. A situação atual é muito séria e necessita de um profissional para falar e tomar decisões com propriedade no assunto. 

Infelizmente estamos reféns de pessoas que não têm o embasamento necessário para tomar as decisões de forma mais acertada e que tampouco podem lutar pelos profissionais da área de educação física.

As atividades físicas promovem a saúde e qualidade de vida, mas temos visto que as autoridades confundem os serviços com estética e beleza. A retomada de academias e similares têm que ser consideradas como atividades fundamentais e precisamos de representatividade perante a Prefeitura. 

A reabertura de academias, dojos e similares ainda não tem uma data definida. Mas muitos estabelecimentos já estão planejando a retomada das atividades com as novas medidas de saúde e vigilância sanitária. Especial atenção também para as atividades aquáticas, pois requerem cuidados extras. 

Eu considero que a liberação das academias (lembrando: estamos falando no sentido amplo da palavra, já englobando dojos, estúdios, assessorias esportivas, etc) têm que estar entre as primeiras da fila nas considerações dos governantes. Afinal de contas, não é só atividade econômica, é saúde, é qualidade de vida. 

A atividade física combate a depressão, obesidade, pressão alta e, como consequência, ajuda na imunidade. Portanto, a reabertura das academias e similares é essencial para a saúde física e mental dos cidadãos.

Um outro ponto a ser analisado é que o fechamento das academias por conta da expansão da pandemia do novo Coronavírus exigiu que as profissionais de educação física e artes marciais buscassem novas formas de desenvolver o trabalho e oferecer suas aulas. 

Surgiu então a tendência das aulas e consultorias on-line, que já ganhavam força antes da pandemia, mas agora devem se consolidar de vez como alternativa de serviço na profissão. 

Um cuidado a ser tomado com esta situação: muitos profissionais até têm boa intenção, mas nem todos são habilitados ou mesmo cuidadosos ao darem aulas online. A dinâmica virtual é diferente do estar frente a frente com o aluno. Os cuidados devem ser redobrados. 

Devemos ter em mente que, assim como já tratamos a questão da prática de atividades físicas nas chamadas “academias ao ar livre”, a questão de que exercícios feitos sem supervisão ou de forma errada, podem ser ainda mais prejudiciais do que não praticar qualquer atividade. 

A pessoa que se propõe a praticar qualquer tipo de exercício precisa saber se tem algum tipo de doença ou condição que limite ou proíba a prática de atividade física e o profissional que vai orientar o treino deve estar ciente desta situação de limitação ou condição especial de saúde. Esta preliminar também precisa ser analisada numa prática online. Imprescindível existir uma avaliação ou mesmo conversa prévia entre praticante e o professor. 

Infelizmente também sabemos que nem todas as academias e similares estão preparadas para tecnologias e nem todas têm os recursos para implementar as medidas de segurança necessárias para a reabertura. E daí, como fazer? 

Considero importante sair da zona de conforto e repensar as novas realidades, afinal as academias deverão operar com menos alunos e a recomendação de segurança é de que os mesmos fiquem, no máximo, 1 hora por dia nas academias. Assim, a complementação de treinos online é uma medida para a manutenção dos treinos e de qualidade de vida. 

Acredito que as aulas on-line devem continuar acontecendo mesmo depois da reabertura das academias e similares. Nesse momento é fundamental se reinventar e usar a criatividade, mas também estar preparado e treinado para os tipos de atividades e a forma como são dadas as aulas e demais orientações online.

A tecnologia chegou para ficar em todas as profissões e na educação física não é diferente. Felizmente muitos profissionais de educação física e pessoas jurídicas (academias, box, estúdios, clubes, etc) conseguiram se adaptar rapidamente à nova realidade. 

Temos vistos muitos treinos online e muitas lives ricas de conteúdo. Mas estas atividades não descartam a necessidade de lutarmos pela reabertura das academias. Eu considero que são situações complementares e não excludentes.

Igualmente devemos lutar pela liberação de treinos e práticas de atividades ao ar livre, pois além do exercício em si, temos que lembrar que a exposição ao sol e a consequente produção de vitamina D e também o resultado terapêutico que as atividades físicas têm em nosso emocional. Afinal, a atividade física contribui para a produção dos hormônios e neurotransmissores do bem-estar e também aumento da imunidade.

A atividade física também melhora a qualidade do sono, diminuindo a insônia e nos ajudando a estabelecer uma rotina de sono. Fora que também contribui para a elevação da autoestima, que, consequentemente, aumenta a nossa motivação e disposição para concluir tarefas e perseguir metas.

Muitas pessoas sofrem de ansiedade, estados depressivos, entre outras questões de fundo emocional e psicológico que são amplificadas pelo isolamento social. As atividades ao ar livre são essenciais no auxílio da manutenção da saúde mental.  

Lembrando que muita gente ainda vai estar insegura para retornar para as academias, apesar de todas as medidas de biossegurança que serão adotadas pelo setor. Neste momento de “novo normal” é preciso inovação, planejamento, atualização e muita adaptação de todos. 

Por isso, um planejamento bem estruturado alternando atividades ao ar livre, nas academias e online (que pode, inclusive, incluir temas complementares às atividades, tais como textos e orientações sobre as execuções dos exercícios, por exemplo) pode ser a solução. Com acompanhamento de professores e profissionais da área de educação física, a retomada das atividades pode ser muito mais interessante e completa.

Na reabertura pós-pandemia será obrigatório o uso de máscaras e outros equipamentos de proteção individual (EPIs) por clientes e funcionários. Os aparelhos de musculação deverão respeitar a distância de 1 metrou ou 2 metros, assim como a circulação de pessoas no ambiente será controlada para evitar aglomerações. 

A comunicação também será reforçada no sentindo de divulgar as medidas de prevenção e combate ao novo Coronavírus. 

Medidas para reabertura

– Limpeza geral das unidades

– Disponibilizar álcool a 70%

– Fechamento de 2 ou 3 vezes por dia para limpeza dos ambientes com vaporizadores e bactericidas (ao menos 30 minutos a cada vez) 

– Posicionar kits de limpeza

– Uso obrigatório de máscaras

– Medição de temperatura

– Limite da quantidade de clientes 

– Delimitação do espaço com fitas

– Uso de garrafas de água individuais

– Congelamento dos planos

– Renovação do ar do ambiente 

– Capacitação de colaboradores

Porém, antes da reabertura em si, destaco que devem ser tomadas algumas precauções em relação à situação dos aparelhos de ar-condicionado. Lembrando: as academias, shoppings, etc estão fechados há aproximadamente 3 meses. Com isso, os aparelhos e dutos de ar-condicionado estão desligados e isso gera inúmeros problemas. 

Se não for feita a limpeza adequada do aparelho de ar-condicionado pode-se acabar respirando fungos, ácaros, vírus e bactérias. Quem respira o ar sujo pode ter crises de rinite, sinusite, asma, bronquite e até pegar doenças graves, como pneumonia. Então, antes de qualquer abertura, vamos também repensar a questão da manutenção dos ambientes e dos aparelhos de ar-condicionado.

Após todos os cuidados, vamos às academias e #boratreinar.

 

Presidente do Podemos Esporte Bahia, Educador Físico, Gestor Esportivo, Administrador, Grão Mestre em Taekwondo. Condutor da Tocha Olímpica nas Olimpíadas do Rio 2016, Especialização nos Estados Unidos e Coreia do Sul.

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