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Foto: Joilson César / Política ao Vivo

Desde meados de 2020 que o Governo do Estado tenta reaver, sem sucesso, R$ 50 milhões pagos pelo Consórcio Nordeste à Hempcare na compra de 300 respiradores, que seriam distribuídos entre os estados da região e não foram entregues.



Na época do escândalo, o então secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, citado em uma delação da dona da empresa, Cristiana Prestes, e responsável pela compra dos aparelhos, pediu demissão do argo, pegando aliados e o próprio governador Rui Costa (PT) de surpresa. Essa é considerada por muitos como a maior crise do governo Rui Costa (PT) em sete anos de mandato, fazendo com que ele fosse alvo até mesmo de um pedido de impeachment, que foi arquivado pelo então presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Nelson Leal (PP).

Um levantamento feito pelo Política ao Vivo, em julho de 2020, com base no que foi relatado por Cristiana, mostra que, dos quase R$ 50 milhões, R$ 12 milhões foram usados apenas em pagamento de “comissões” para facilitadores das negociações pelos respiradores, considerados essenciais na tratamento de pacientes com casos delicados de Covid-19.

Cristiana afirma que ela e seu sócio, Luiz Henrique, receberam R$ 5 milhões de lucro, cada um, pela contratação. A empresa foi encarregada da compra dos aparelhos. Em 2020, o Consórcio Nordeste ainda era presidido pelo governador Rui Costa.

A Hempcare utilizou parte dos R$ 48,7 milhões pagos pelo Governo da Bahia, valor esse arrecadado com os demais estados do nordeste, para contrara a Bioenergy, que serviria como um “plano B” na compra dos respiradores. Ao todo, a Bioenerg recebeu R$ 24 milhões para entregar 120 aparelhos. Cristiana também afirmou que pagou cerca de R$ 12 milhões de comissão à Fernando Galante, que teria apresentado a empresária à Cleber Isaac, que possuía ligação próxima ao Consórcio Nordeste e facilitou o contato da Hempcare com o bloco. Para promover tal contato, Cleber Isaac recebeu R$ 3 milhões também em comissão.

A irmã de Cristiana, Luciana Taddo, recebeu R$ 120, doados pela própria dona da Hempcare. De acordo com o depoimento da empresária, os aparelhos da Bioenergy não foram entregues porque Dauster acabou recuando da compra do BR2, modelo dos respiradores. “Amiga, errei. O Br2 não foi aprovado”, teria dito o chefe da Casa Civil em uma troca de mensagens. Mas, segundo Cristiana Prestes, os R$ 24 milhões já haviam sido pagos.

Arte: Política ao Vivo

O dono da Bioenergy, Paulo de Tarso, se pronunciou publicamente e afirmou que havia usado o dinheiro para fabricar os aparelhos e acusou o Consórcio de recusar os respiradores.

“Primeiro, quando uma empresa recebe dinheiro, coloca no fluxo de caixa. Evidente que o dinheiro foi utilizado para compra de peças para respiradores, para tudo. O dinheiro pertence à empresa, que utiliza no que bem entender. Utilizamos no que bem entendemos. Compramos muitas peças, bastante equipamento. Todo o dinheiro foi gasto com ventilador e caixa da empresa”, disse na ocasião, em entrevista à TV Bahia.

“A empresa tem margem de lucro. Não fico com o dinheiro parado aguardando alguma coisa. Não tenho que devolver dinheiro para o Consórcio do Nordeste. Primeiro porque não fiz negócio com o Consórcio do Nordeste. Tenho que entregar os respiradores. Prometi entregar para o governo do estado, que se recusou a receber”, pontuou o empresário, em julho.

O caso é alvo de inquéritos, sem qualquer atualização recente. Mas, o escândalo voltou novamente aos holofotes com a notícia de que delações sobre a compra dos respiradores teria colocado Rui Costa na mira da Procuradoria-Geral da República.





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