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Foto: Sandra Travassos / Alba

Muita coisa aconteceu desde o dia 14 de março de 2022. Na tarde daquela data, o então vice-governador João Leão entregava o cargo de secretário estadual de Planejamento, e anunciava o rompimento com o grupo governista para apoiar o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), candidato à sucessão estadual. Um ano depois, a sigla tem lidado com problemas internos, ainda por conta da decisão de Leão, que não foi unanimidade dentro da legenda.



Algumas figuras de peso do PP seguiram com Leão, como os deputados federais e estaduais, e prefeitos como Zé Cocá (Jequié), e Dr. Pitágoras (Candeias). No interior, entretanto, a maioria incontestável dos prefeitos pepistas abraçaram a candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT) e ficaram ao lado de Rui Costa (PT), o que criou um racha, embora muitas vezes minimizado. Políticos de longa data dentro do PP não esconderam considerar ‘precipitada’ a decisão de Leão romper com o grupo.

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Mais do que o clima de racha, o PP também viveu, e ainda vive, uma debandada de prefeitos. Com o retorno do MDB turbinado ao grupo agora liderado por Jerônimo, parte dos gestores escolheram o partido do vice-governador Geraldo Júnior como destino, além de outras siglas que estão alinhadas com a gestão estadual.

A mudança de planos no meio da pré-campanha também é vista como um fator prejudicial ao PP. João, antes pré-candidato ao Senado na chapa de Neto, acabou recuando para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, e colocou seu filho, Cacá Leão, para ocupar o posto na coligação majoritária. Cacá ficou na segunda colocação, longe de bater o senador Otto Alencar (PSD), reeleito com folga. O então vice-governador também passou por apuros, e foi eleito para a Câmara Federal na ‘sobra’.

O apoio repentino ao presidente Jair Bolsonaro (PL), anunciado apenas no segundo turno, ainda pegou muito aliado de Leão de surpresa no interior. A decisão de esconder o voto no primeiro turno é vista como uma estratégia para conseguir a eleição, já que o estado é visto como o maior reduto eleitoral do PT no país.

Na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), os deputados estaduais logo de cara anunciaram que fariam parte da bancada governista. Na última semana, em condição de anonimato, um integrante pepista foi categórico ao dizer que seguiu com Leão por gratidão e amizade, mas que não se sentiu confortável ao mudar de lado e apoiar a candidatura de ACM Neto, mesmo que o ex-prefeito saísse vencedor das urnas. A mesma fonte foi direta e pontuou que nem mesmo os possíveis cargos na gestão de ACM Neto, caso eleito, encheu os olhos dos pepistas.

Leão deve passar o comando do PP baiano nas próximas semanas. Os dois favoritos são Mário Negromonte Júnior e Ronaldo Carletto, que travam uma ‘guerra fria’ pela presidência da legenda. Existe ainda o risco de Carletto deixar o partido, caso não alcance o objetivo, e causar uma nova debandada de prefeitos e lideranças políticas, o que pode fragilizar ainda mais o PP.



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